sábado, 22 de novembro de 2008

Afrodescendentes evangélicos

"Afrodescendentes evangélicos querem quebrar o silêncio das igrejasPor ALC 11/11/2003 às 13:23

O Fórum de Lideranças Negras Evangélicas encaminhou manifesto ao II Congresso Brasileiro de Evangelização (2CBE), que começa hoje (segunda-feira, 27), nesta capital, pedindo um basta à omissão e ao silêncio da Igreja Evangélica a respeito da problemática do negro no país.
Afrodescendentes evangélicos querem quebrar o silêncio das igrejas BELO HORIZONTE, Brasil, Outubro 27, 2003 O Fórum de Lideranças Negras Evangélicas encaminhou manifesto ao II Congresso Brasileiro de Evangelização (2CBE), que começa hoje (segunda-feira, 27), nesta capital, pedindo um basta à omissão e ao silêncio da Igreja Evangélica a respeito da problemática do negro no país. A Igreja Evangélica brasileira "só poderá viver verdadeiramente a sua missão integral se contemplar a questão do afrodescendente. Temos a convicção de que estamos vivendo tempos da manifestação de Deus entre nós e entendemos que os cristãos foram postos no mundo para ser consciência da sociedade", diz o manifesto. O documento foi preparado em reunião realizada na Catedral da Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, no sábado, 18 de outubro, reunindo negros e negras metodistas, batistas, anglicanos, católicos, das Igrejas Deus em Cristo e O Brasil para Cristo. O encontro foi chamado pela Visão Mundial."

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Babelismo, uma doença incurável

A atração pelas coisas grandes é uma doença da humanidade e parece incurável. Começou a mais de 2 mil anos antes de Cristo, quando a sociedade de então se reuniu e decidiu: "Vamos construir uma cidade, com uma torre que alcance os céus. Assim nosso nome será famoso e não seremos espalhados pela face da terra" (Gn 11.4). Porém, a famosa Torre de Babel, a primeira torre a ser construída, não foi terminada. Qualquer projeto ambicioso no tamanho (feito para ser “o maior do mundo”) e na intenção (feito para ter nome famoso) poderia chamar-se “babelismo”.
O babelismo moderno está construindo o “Oasis of the Seas”, o maior transatlântico do mundo, que terá dezesseis andares e poderá hospedar 5.400 turistas, e a “Freedom Tower”, a mais alta torre habitada do mundo. Essa torre terá 541 metros e está sendo construída no mesmo lugar onde estavam as Torres Gêmeas do World Trade Center em Nova York, derrubadas por terroristas em 2001.
Os crentes precisam tomar cuidado com as megaigrejas. Elas podem ser portas abertas para o babelismo em sua versão religiosa.

Elben M. Lenz César - Ultimato na Prateleira

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O que Deus pensa do mundo?


Rev. Angus Stewart

(...) O que DEUS pensa do mundo?
Deus declara: "Como está escrito: não há justo, nem um sequer, não há que entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer" (Rm. 3:10-12). Por causa da queda "o mundo inteiro jaz no Maligno" e, por isso, "todo o mundo" é culpado "diante de Deus" (Rm. 3:6).
De forma similar, Cristo testemunha contra o mundo: "Porque eu dou testemunho a seu respeito de que as suas obras são más" (Jo. 7:7). "O julgamento é este: que a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más" (Jo. 3:19).
Ainda, "porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus" (I Co. 3:19) visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria" (I Co. 1:21). Na cruz de Cristo, Deus "tornou louca a sabedoria do mundo" (I Co. 1.20) e julgou o mundo (Jo. 12:31).
O que Deus diz sobre o mundo na Bíblia será declarado aberta e incontestavelmente no dia do juízo final. Lá todos verão quão importante é crermos em Deus e entendermos corretamente sua verdade revelada em seu Filho, Cristo Jesus, através das Escrituras Sagradas.
Deus tem pensamentos de amor e paz para seus eleitos (Ef. 1:4) os quais foram reconciliados pela cruz de Jesus Cristo (II Co. 5:19). Eles vencem o mundo caído pela fé em Cristo Jesus, o Filho de Deus (I Jo. 5:4-5), e entrarão no novo mundo, novos céus e nova terra, "nos quais habita justiça" (II Pe. 3:13).
Traduzido por: Daniel Leite Guanaes

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Qual a sua comida?

Cuidado com o que você come.


Por Rafael Brito

Estudo de Célula - 11/10/2008
(Grupo de Jovens da Terceira Igreja Batista de BH)


“Disse-lhes Jesus: a minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e completar a sua obra” – João 4:34


“Dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola e picles no pão com gergelin.” Propaganda de uma famosa rede de lanchonetes.

1.O que você mais gosta de comer?
2.Qual o papel da comida na vida do ser humano? Comemos apenas para satisfazer nossas necessidades biológicas?
3. Quando Jesus diz “ a minha comida”, o que ele realmente quer expressar?
4.Qual tem sido a sua comida do dia-a-dia?
5.Você acha que precisa mudar de dieta?
6.Se sim, qual seria a sua nova dieta?

Para refletir durante a semana: “É possível alguém se tornar um obeso espiritual?

“Porque tanto amo Dios al mundo, que Dio a su Hijo unigênito, para que todo el que creen él no se pierda, sino que tenga vida eterna.” Juan 3:16

domingo, 5 de outubro de 2008

E se Deus fosse um de nós


Por Rafael Brito


Estudo para Célula – 04/10/08
(Grupo de Jovens da Terceira Igreja Batista de BH)


Joan Osborne - What If God Was One Of Us

If God had a name what would it be?
And would you call it to his face?
If you were faced with him In all his glory
What would you ask if you had just one question?
And yeah, yeah,
God is greatYeah, yeah,
God is goodYeah, yeah, yeah-yeah-yeah
What if God was one of us?
Just a slob like one of us
Just a stranger on the bus
Trying to make his way homeIf
God had a face what would it look like?
And would you want to see
If seeing meant that you would have to believe in things like heaven and in Jesus and the saintsand all the prophets
Trying to make his way home
Back up to heaven all alone
Nobody calling on the phone'cept for the Pope maybe in Rome
Just trying to make his way home
Like a holy rolling stone
Back up to heaven all alone
Just trying to make his way home
Nobody calling on the phone'cept for the Pope maybe in Rome

Tradução

Se Deus tivesse um nome, qual seria?
E você o ligaria ao seu rosto?
Se você encontrasse com ele em toda a sua glória
O que você perguntaria, se você pudesse fazer apenas uma pergunta?
Sim, sim, sim, Deus é maravilhoso
Sim, sim, sim, Deus é bom
Sim, sim, sim....E se Deus fosse um de nós?
Apenas um preguiçoso como nós
Apenas um estranho no ônibus
Tentando voltar para casa?
Se Deus tivesse um rosto, como seria?
E você gostaria de vê-lo, se
Você tivesse que acreditar em coisas como paraíso
E em Jesus e os Santos e em todos os profetas?
Tentando voltar para casa
Voltar pro céu completamente sozinho
Ninguém chamando ao telefone
Exceto pelo papa talvez em Roma
simplesmente tentando voltar para casa
Como uma santa pedra rolando
Voltar pro céu completamente sozinho
Simplesmente tentando voltar para casa
Ninguém chamando ao telefone
Exceto pelo papa talvez em Roma

“Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou ser igual a Deus, antes, se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra.” Filipenses 2:6-8

Perguntas

1. Pensando na primeira estrofe da música, você já parou para imaginar com seria a “aparência” de Deus? Como você o imagina? Você o reconheceria se o visse na rua?
2. O que o texto de Filipenses nos diz a respeito da forma de Deus? (Tente estabelecer um paralelo com a idéia de deus da segunda estrofe da canção)
3. Se Deus fosse como o deus sugerido na canção, qual seria a diferença entre Ele e o Deus do texto de Filipenses?
4. A autora faz um paralelo entre o que nós somos e o que Deus é. Que tipo de pessoa a canção diz que nós somos?
5. Você gostaria de ver Deus se “tivesse que acreditar em coisas como o paraíso, e em Jesus e os santos e em todos os profetas”?


Para refletir mais um pouquinho:
6. E se você também pudesse fazer uma única pergunta para Deus, qual seria?

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Missões nos dias de hoje


Essa é uma carta informativa de uma missionaria da Jocum.
Palavras de encorajamento para a Igreja e todos aqueles que se encontram no campo missionário.

O conceito de missionário (a) tem começado a se tornar comum no contexto cristão no Brasil. Estamos vivendo um grande despertar para o mesmo. Temos realizado muitas conferências missionárias, muitos projetos, novas agências de missões se levantando em diferentes partes do mundo, muitas igrejas estão enviando, confiando e abrindo seus escritórios de missões.
Tenho visto no campo, missionários entre 18 a 80 anos. Muitos jovens têm se despertado, casais, famílias, pessoas avançada em idade e até mesmo crianças e adolescentes tem doado suas férias escolares para realizar missões. E dessa forma missões esta sendo realizado de tempo integral em diferentes partes do mundo, a curto, médio e longo prazos. Isso é magnífico! Essa grande avalanche chamada Missões faz parte do cumprimento da promessa, os Céus têm pressa, e esse despertar é como o grito dos anjos anunciando como está próxima a volta de Jesus. Diante de tudo isso, temos uma grande responsabilidade de honrar a Deus ac­ima de tudo e vivermos dígnos de ser­mos chamados missionários. Se per­dermos o foco do significado de ser um missionário desfaleceremos. Mas qual o significado de ser missionário? O que é ser um verdadeiro missionário?
No livro de Atos dos apóstolos aprendemos muito com os relatos de Paulo. Após a crucificação e a GLORIOSA RESURREIÇÃO de JESUS CRISTO, os apóstolos foram os primeiros missionários contidos nos relatos bíblicos do novo testamento. E se lermos bem chegaremos à conclusão do que é ser um verdadeiro missionário.
Eles eram portadores da Verdade dispostos a levar a mensagem de Cristo a todos os lugares habitados da terra. Foram viajantes por terra, andaram muitos quilômetros e por vários dias, e também por mar e até naufragaram algumas vezes. Eles não tinham sustento fixo e nem conta bancária com cartões de crédito para a hora do sufoco. Eles foram excluídos pelos seus, rejeitados, prisioneiros, açoitados, apedrejados, decapitados, cerrados, crucificados, taxados como blasfemadores e até mortos. Isso nos ensina que ser um mis­sionário e renunciar a própria vida para que outros encontrem a Vida (I Jo 3:16). Jesus é o caminho, a verdade e a vida, e Ele mesmo foi um missionário, e plan­tou isso também nos corações dos seus discípulos. Foi algo tão impactante que até hoje colhemos esses frutos. E necessário se entregar e depender totalmente de Deus. Mas sabemos que não parou por aí, com os anos o evangelho foi se expandindo, vimos que muitos missionários de épocas também viveram nessa entrega total. Deixaram tudo por povos transculturais, passando vários anos no meio deles, apre­ndendo a língua, comendo com eles e como eles, se escondendo, fugindo, contrabandeando bíblias, pioneirando agências missionárias e iniciando igrejas. São inúmeras as obras realizadas, mais eles permaneceram. Os desafios, na verdade, eles sempre vão existir mas claro que cada tipo de desafio relacionado a sua época. Nos dias de hoje, por exemplo, na era do facilitarismo, onde tudo se consegue rápido e sem muito esforço. Nós missionários mesmo com tantas conquistas e facilidades como avião, carros, conta bancária, sus­tento fixo e muitos intercessores. Não podemos perder a dependência total em Deus, passando a confiar na criatura do que no Criador. Creio fielmente que tudo que temos hoje é por causa do preço que muitos missionários pagaram antigamente. Ser missionário não significa apenas assinar o nome no final das nossas cartas informativas. Temos que viver realmente para o que fomos chamados custe o que custar, a entrega e dependência jamais poderá ser substituída pela época presente.
Jesus pagaram o preço os apóstolos, e muitos pastores e missionários também o fizeram, continuemos a viver o verdadeiro significado da vida missionária para que o mundo saiba que Jesus Cristo é o Senhor.
Tenha orgulho de dizer “Eu sou missionário”, mas antes de dizer tenhamos coragem de viver como um Missionário. Um dia Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, caindo em terra, não morrer fica ele só, mas se morrer produz muitos frutos.” Jo. 12:24.
Para que outros colham, a questão não é viver e sim morrer.

Um grande abraço e fiquem na paz. Lílian Bertoldo

Jesus e a Política - Frei Betto


Não há nada mais político do que dizer que a religião nada tem a ver com a política
(Desmond Tutu-bispo sul-africano e prêmio Nobel da Paz)

Na América Latina, não se pode separar fé e política, assim como não seria possível fazê-lo na Palestina do século I. Na terra de Jesus, quem detinha o poder político, detinha também o poder religioso. E vice-versa. Talvez soasse estranho, hoje, a certos ouvidos religiosos introduzir a leitura do Evangelho falando de Clinton e Nelson Mandela, Felipe Gonzaléz e François Mitterand. No entanto, ao introduzir-nos nos relatos da prática de Jesus, Lucas primeiro nos situa no contexto político, informando que "já fazia quinze anos que Tibério era imperador romano. Pôncio Pilatos era governador da Judéia, Herodes governava a Galiléia e seu irmão Felipe, a região da Ituréia e Traconites. Lisânias era governador de Abilene. Anás e Caifás eram os presidentes dos sacerdotes" (3, 1-2).
Foi sob o símbolo da cruz que a colonização ibérica na América Latina promoveu o genocídio de 30 milhões de indígenas e o saque das riquezas naturais. Sob a silenciosa cumplicidade da Igreja católica, mais de 10 milhões de negros foram trazidos da África, como escravos, para o nosso continente. Com a conivência das Igrejas cristãs, instalou-se em nossos países o sistema burguês de dominação capitalista. Portanto, não se trata de vincular fé e política somente quando se refere ao atual processo eleitoral.
O fato de que fé e política estejam sempre vinculados em nossas vidas concretas, como seres sociais que somos - ou animais políticos , na expressão de Aristóteles - não deve constituir uma novidade senão para aqueles que se deixam iludir por uma leitura fundamentalista da Bíblia, que pretende desencarnar o que Deus quis encarnado. A fé é um dom do Pai a nós que vivemos neste mundo. No Céu, nossa fé será vã, pois veremos a Deus face a face. Portanto, a fé é um dom politicamente encarnado, que tem razão de ser nesta conflitividade histórica, na qual somos chamados, pela graça, a distinguir o projeto salvífico de Deus.
Nem mesmo em Jesus é possível ignorar a íntima relação entre fé e política, ainda que, para alguns cristãos, pareça estranho aplicar certas categorias Àquele que nos assegura, por sua ressurreição, a vitória, em última instância, da vida sobre a morte e da justiça sobre a injustiça. Que Jesus tinha fé o sabemos pelos textos que falam dos longos momentos que ele passava em oração (Lucas 4, 16; 5, 16; 6, 12). Ora, só quem necessita aprofundar sua fé entrega-se ao encontro orante com o Pai. A oração é para a fé o que o adubo é para a terra ou o gesto de carinho para o casal que se ama. O Evangelho nos fala até mesmo das crises de fé de Jesus, como as tentações no deserto (Mateus 4, 1-11; Marcos 1, 12-13; Lucas 4, 1-13) e o abandono que ele sentiu na agonia no horto das oliveiras (Mateus 26, 36-46; Marcos 14, 32-42; Lucas 22, 39-46).
Há quem insista que Jesus se restringiu a comunicar-nos uma mensagem religiosa que nada tem de política ou ideológica. Tal leitura só é possível se reduzimos a exegese bíblica à pescaria de versículos, arrancando os textos de seus contextos. Não é só o texto que revela a Palavra de Deus, mas também o contexto social, político, econômico e ideológico, no qual se desenrola a prática evangelizadora de Jesus. Todos nós, cristãos, somos inelutavelmente discípulos de um prisioneiro político. Mesmo que na consciência de Jesus houvesse apenas motivações religiosas, sua aliança com os oprimidos, seu projeto de vida para todos (João 10, 10), tiveram objetivas implicações políticas. Por isso ele não morreu na cama, mas na cruz, condenado à pena de morte. Já na introdução de seu evangelho, Marcos mostra como as curas operadas por Jesus - o homem de espírito mau, a sogra de Pedro, os possessos, o leproso, o paralítico, o homem de mão aleijada - desestabilizaram de tal modo o sistema ideológico e os interesses políticos vigentes, que levaram dois partidos inimigos - o dos fariseus e o dos herodianos - a fazerem aliança para conspirar em torno de "planos para matar Jesus" (3, 6). Assim, vê-se que as implicações políticas da ação salvífica de Jesus tornaram-se tão graves e ameaçadoras, que induziram Caifás, em nome do Sinédrio, a expressar que era "melhor que morra apenas um homem pelo povo do que deixar que o país todo seja destruído" (João 11, 50).
E como situar, no contexto da Palestina do século I, a questão ideológica? Lucas registra que "Jesus crescia tanto no corpo como em sabedoria" (2, 52). Era pois um homem de seu tempo e que, segundo Paulo, "pela sua própria vontade abandonou tudo o que tinha e tomou a natureza de servo e se tornou semelhante ao homem" (Filipenses 2, 7). A divindade de Jesus não transparecia por uma consciência que pudesse emergir completamente de seu contexto cultural e sobrepairar, onisciente, acima do tempo e do espaço. Tal possibilidade adequa-se à imagem grega de deus e não à imagem bíblica. Jesus era Deus encarnado e possuía a mesma natureza do Pai. Ora, para o Novo Testamento, "Deus é amor. Quem vive no amor vive em união com Deus e Deus vive em união com ele" (1 João 4, 16). Portanto, Jesus era Deus porque amava assim como só Deus ama. E nisto consiste a nossa imagem e semelhança com Deus: é divina a natureza de todo amor de que somos capazes. E o somos como abertura a Deus, que nos habita mais profundamente do que o nosso próprio eu, e nos faz acolher o próximo. No entanto, nossa consciência, como a de Jesus, permanece tributária de nosso lugar social e de nosso tempo histórico. Em Jesus, Deus acolhe preferencialmente os oprimidos, em cujo lugar social se encarna e a partir do qual anuncia a universalidade de sua mensagem de salvação. Não há pois neutralidade. Jesus assume a ótica e o espaço vital dos pobres. Seu ponto de vista é a vista situada a partir de um ponto, o da Promessa que ressoa como bem-aventurança aos que injustamente foram privados da plenitude da vida.
Há também em Jesus um vínculo profundo entre sua fé e a ideologia apocalíptica, que o fez esperar com tanta expectativa a eclosão do Reino de Deus ainda para a sua geração (Marcos 9, 1). Muitos exegetas estão de acordo que a crise maior de Jesus foi constatar que não haveria coincidência entre seu tempo pessoal e seu projeto histórico. O Reino, que se antecipou em sua vida e ressurreição, exigiria a Igreja como sacramento histórico capaz de anunciá-lo, testemunhá-lo e prepará-lo na acolhida do dom de Deus.


segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Sem lugar para preguiçosos

Provérbios 24:27
Prepara os teus trabalhos de fora, apronta bem o teu campo; e depois edifica a tua casa.

De acordo com a palavra de Deus, o Senhor trabalha até agora, tomo isso como exemplo de que devemos trabalhar também. Não existe lugar para preguiçosos na Bíblia.
Tres são os principios contidos nesse proverbio.
1."Cuida dos teus negócios lá fora”- A idéia por trás desta afirmação é que os negócios que trazem o sustento diário e imediato da família estivessem em ordem, para que eles continuassem garantindo o sustento. Garantir o sustento exige trabalho contínuo. Sair para trabalhar todos os dias. Compromisso.
2."Apronta sua lavoura no campo” A lavoura aqui é o campo preparado para a semeadura daquilo que será colhido na próxima temporada. Uma semeadura em um campo que é preparado para garantir o sustento futuro, não para garantir o presente. Um semente que se planta hoje só poderá ser colhida meses depois. A colheita nunca é imediata.
3."Edifica a tua casa“- Aqui cabem dois significados:a)após executar os dois primeiros princípios o homem deverá pensar em constituir família b) depois de cuidar do dia-a-dia do seu sustento através de seus negócios, ele vai cuidar dos seus filhos e esposa, edificando o seu lar.
Viver exige trabalho. Trabalho árduo.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

No ar novamente


Vocês que se acostumaram a ver algumas notícias e reportagens selecionadas no meu blog, devem estar pensando que eu desisti de postar. Nada disso! Muita correria. Muito trabalho. Claro que também um certo desânimo de Internet. Acho que as vezes a gente fica meio ressaqueada da rede e tem que dar um tempo. Foi o que me aconteceu. Pois entâo estou de volta. Espero postar algumas coisas minhas nessa nova fase. Sei que tenho sido bastante impessoal. Justifico, entretanto, que o propósito maior desse humilde espaço é contribuir para expansão do evangelho. Se eu puder vou fazer mais.
É isso aí queridos amigos e irmãos, regressamos. Que Deus nos abençoe a todos com seu infinito amor. Bjão

sábado, 5 de julho de 2008

Biografia de Dietrich Bonhoeffer(1906 - 1945)

Wer Bin Ich? Quem Sou Eu?
Dietrich Bonhoeffer

Quem sou eu?
Freqüentemente me dizem
Que saí da confinação da minha cela
De modo calmo, alegre, firme,
Como um cavalheiro da sua mansão.
Quem sou eu?
Freqüentemente me dizem
Que falava com meus guardas
De modo livre, amistoso e claro
Como se fossem meus para comandar.
Quem sou eu? Dizem-me também
Que suportei os dias de infortúnio
De modo calmo, sorridente e alegre
Como quem está acostumado a vencer.
Sou, então, realmente tudo aquilo que os outros me dizem?
Ou sou apenas aquilo que sei acerca de mim mesmo?
Inquieto e saudoso e doente, como ave na gaiola,
Lutando pelo fôlego, como se houvesse mãos apertando minha garganta,
Ansiando por cores, por flores, pelas vozes das aves,
Sedento por palavras de bondade, de boa vizinhança
Conturbado na expectativa de grandes eventos,
Tremendo, impotente, por amigos a uma distância infinita,
Cansado e vazio ao orar, ao pensar, ao agir,
Desmaiando, e pronto para dizer adeus a tudo isto?
Quem sou eu?
Este, ou o outro?
Sou uma pessoa hoje, e outra amanhã?
Sou as duas ao mesmo tempo?
Um hipócrita diante dos outros,
E diante de mim, um fraco, desprezivelmente angustiado?
Ou há alguma coisa ainda em mim como exército derrotado,
Fugindo em debanda da vitória já alcançada?
Quem sou eu?
Estas minhas perguntas zombam de mim na solidão.
Seja quem for eu, Tu sabes, ó Deus, que sou Teu!

Impossível falar em cristianismo nos dias atuais sem nos lembrarmos desse jovem. Sua força e coragem, frente a um regime tão brutal como o nazismo, nos faz pensar em como praticamos um evangelho fraco e longe daquilo que podemos fazer para o Senhor. Um mártir com certeza, como já foi muitas vezes falado.
Um exemplo a ser seguido em termos de fé. Um jovem para ser lido e pensado.
Nascido em Breslau em 4 de fevereiro, filho de um Psiquiatra de classe média alta. Quando jovem decidiu-se seguir a carreira pastoral na Igreja Luterana, doutorou-se em teologia na Universidade de Berlim e fez um ano de estudos no Union Theological Seminary em Nova York e tornou a Alemanha em 1931.
Bonhoeffer foi um dos mentores e signatários da Declaração de Bremen, quando em 1934 diversos pastores luteranos e reformados, formaram a Bekennende Kirche, Igreja Confessante, rejeitando desafiadoramente o nazizmo: "Jesus Cristo, e não homem algum ou o Estado, é o nosso único Salvador".
Obviamente o movimento foi posto em ilegalidade e em Abril de 1943 foi preso por ajudar judeus a fugirem para a Suícça. Levado de uma prisão para outra, em 9 de abril de 1945, três semanas antes que as tropas aliadas libertassem o campo, foi enforcado, junto com seu irmão Klaus, e cunhados Has von Dohnanyi e Rudiger Scheleicher.
Sua obra mais famosa, escrita no período de ascenção do nazismo foi "Discipulado" (Nachfolge) na qual desenvolve a polêmica acerca da teologia da graça, fundamento da obra de Lutero. O livro opõe-se a ênfase dada à "justificação pela graça sem obras da lei", afirmando que a graça barata é inimiga mortal de nossa Igreja. A nossa luta trava-se hoje em torno da graça preciosa que é um tesouro oculto no campo, por amor do qual o homem sai e vende tudo que tem (...) o chamado de Jesus Cristo, ao ouvir do qual o discípulo larga suas redes e segue (...) o dom pelo qual se tem que orar, a porta a qual se tem que bater. Destas linhas já se denota o profundo "fazer teológico poético" que tanto caracteriza a obra de Bonhoeffer.
Quando já estava sendo perseguido pelo nazismo, Bonhoeffer escreveu um tratado considerado por muitos uma das maiores obras primas do protestantismo, que denominou simplesmente "Ética". É nesta obra que ele justifica, em parte, seu engajamento na resistência alemã anti-nazista e seu envolvimento na luta contra Adolf Hitler, dizendo que "É melhor fazer um mal do que ser mal".
Suas cartas da prisão são um exemplo de martírio e também um tesouro para a Teologia Cristã do século XX.
Livros de sua autoria publicados no Brasil
Ética, Editora Sinodal, 2005

Discipulado, Editora Sinodal, 2004
Resistência e Submissão: Cartas e Anotações Escritas na Prisão, Editora Sinodal, 2003

Tentação, Editora Sinodal, 2003
Vida em comunhão, Editora Sinodal, 1986

Livros sobre Bonhoeffer publicados no Brasil
Dietrich Bonhoeffer: cristianismo e testemunho, Ir. Miriam Cunha Sobrinha, Editora Edusc, 2006

Dietrich Bonhoeffer: Vida e Pensamento, Werner Milstein, Editora Sinodal, 2006
Bonhoeffer: o mártir, Craig J. Slane, Editora Vida, 2007.
Filmes
Bonhoeffer: O Agente da Graça, Comev, 1999

Fonte Wikipedia

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Faltam cinco minutos para meia-noite

Há sessenta anos o Bulletin of the Atomic Scientists (Boletim dos Cientistas Atômicos), fundado por cientistas da Universidade de Chicago, criou o Doomsday Clock (relógio do dia do juízo). É um relógio simbólico cujo ponteiro maior se aproxima ou se afasta do número que indica a meia-noite, o momento da destruição da Terra por meio de uma guerra atômica, hoje chamada guerra nuclear. O ponteiro recua quando a tensão diminui e avança quando a tensão aumenta. Quando foi apresentado pela primeira vez, em 1947, no período da Guerra Fria, o relógio marcava sete minutos para a temível meia-noite. Quando a antiga União Soviética testou, em 1949, sua primeira bomba atômica, o ponteiro saltou de sete para três minutos para a meia-noite. Quando, quatro anos depois, os Estados Unidos testaram sua bomba de hidrogênio, o ponteiro tornou a avançar e marcou dois minutos para a hora fatídica. A marca mais distante (17 minutos para a meia-noite) aconteceu em 1991, quando a duas superpotências assinaram o Tratado Estratégico para Redução Armamentista. Depois de permanecer por cinco anos marcando sete minutos para a meia-noite, o ponteiro do Doomsday Clock avançou dois minutos no dia 17 de janeiro de 2007, marcando cinco minutos para a catástrofe. O Boletim dos Cientistas Atômicos explica que essa aproximação maior “reflete as preocupações crescentes com uma Segunda Era Nuclear, marcada por graves ameaças”. De fato, as ambições nucleares no Irã e na Coréia do Norte, os materiais atômicos sem segurança na Rússia e ex-repúblicas soviéticas, a escalada do terrorismo e os riscos de expansão da energia nuclear justificam a recente mudança do ponteiro. Além disso, os Estados Unidos e a Rússia têm mais de 25 mil armas nucleares, algumas delas prontas para lançamento. Além desses dois países, outros seis têm arsenais nucleares: China, França, Índia, Israel, Paquistão e Reino Unido. Parece que o relógio do dia do juízo desempenha o mesmo papel que a lenta construção da arca de Noé. Mas, assim como a arca não acabou com a violência nem com a corrupção globalizada nos dias de Noé, o relógio dos cientistas atômicos é mera curiosidade. A pregação escatológica do dilúvio durou 120 anos. A do Doomsday Clock já dura a metade desse tempo!

(Revista Ultimato)

domingo, 11 de maio de 2008

Deus existe?


Grandes discussões giram em torno da questão sobre a existencia ou não de Deus. Homens comuns e grandes pensadores se descabelam tentando encontrar a resposta. Ajudando ou colocando mais lenha na fogueira, deixo alguns argumentos que dizem respeito ao tema, para serem pensados.
  • Argumento ontológico de Santo Anselmo; As cinco vias de Santo Tomás de Aquino.

  • O argumento da fé- Salmo 19 :1-4 - A ausência de Tomé -Jo:20:19-20, 24-29;a aposta de Pascal

Argumento Ontológico

O assim denominado argumento ontológico da existência de Deus foi desenvolvido por Santo Anselmo de Canterbury "Proslogion". Os passos do raciocínio anselmiano são os seguintes: Existe na mente de todo homem a idéia de um ser que não se pode pensar outro maior; Existir só na mente é menos perfeito do que existir na mente e também na realidade; Se o ser maior do que o qual não se pode pensar outro só existisse na mente seria menor do que qualquer outro que também existisse na realidade; Logo, o ser do qual não se pode pensar outro maior deve existir também na realidade (existência real necessária), logo conclui-se que existe Deus e esse ser é perfeitíssimo.
Em poucas palavras: "algo existe em meu pensamento, logo, existe também no mundo material!".
Embora controvertida essa tese foi defendida com argumentos distintos por São Boaventura, Duns Scoto, Descartes, Leibniz, Hegel, Karl Bath, N. Malcom.


As Cinco Vias de São Tomás de Aquino


Santo Tomás de Aquino, na sua obra Suma Teológica ensina que Deus é o princípio e o fim de todas as coisas e que, fazendo apenas o uso da luz natural da razão a partir das coisas criadas, é possível demonstrar a Sua existência, sem ter de recorrer a nenhum outro argumento de natureza religiosa ou dogmática, para isto propõe cinco vias de demonstração de natureza exclusivamente filosófico-metafísica.

As cinco vias são provas a posteriori, que têm como ponto de partida as criaturas enquanto entes causados para se atingir como termo de chegada a necessidade da existência de Deus; são demonstrações metafísicas (causalidade do ser) e não científico-positivas (causalidade apenas dos fenômenos), mesmo partindo da experiência sensível e, aplicando o princípio da causalidade, mostram ser impossível se proceder ao infinito na cadeia de causas.

1a. via - Primeiro Motor Imóvel Nossos sentidos atestam, com toda a certeza, que neste mundo algumas coisas se movem. Tudo o que se move é movido por alguém, é impossível uma cadeia infinita de motores provocando o movimento dos movidos, pois do contrário nunca se chegaria ao movimento presente, logo há que ter um primeiro motor que deu início ao movimento existente e que por ninguém foi movido, e um tal ser todos entendem: é Deus. Deus é ato puro e não sofre mudança o seu Ser confunde-se com o Agir.

2a. via - Causa Primeira ou Causa Eficiente Decorre da relação "causa-e-efeito" que se observa nas coisas criadas. Não se encontra, nem é possível, algo que seja a causa eficiente de si próprio, porque desse modo seria anterior a si prórpio: o que é impossível. É necessário que haja uma causa primeira que por ninguém tenha sido causada, pois a todo efeito é atribuída uma causa, do contrário não haveria nenhum efeito pois cada causa pediria uma outra numa sequência infinita e não se chegaria ao efeito atual. Logo é necessário afirmar uma Causa eficiente Primeira que não tenha sido causada por ninguém. Esta Causa todos chamam Deus. Assim se explica a causa da existência do Universo.

3a. via - Ser Necessário e Ser Contingente Existem seres que podem ser ou não ser, chamados de contingentes, isto é cuja existência não é indispensável e que podem existir e depois deixar de existir. Todos os seres que existem no mundo são contingentes, isto é, aparecem, duram um tempo e depois desaparecem. Mas, nem todos os seres podem ser desnecessários se não o mundo não existiria, alguma vez nada teria existido, logo é preciso que haja um Ser Necessário e que fundamente a existência dos seres contingentes e que não tenha a sua existência fundada em nenhum outro ser.
Igualmente, tudo o que é necessário tem, ou não, a causa da sua necessidade de um outro. Aqui também não é possível continuar até o infinito na série das coisas necessárias que têm uma causa da própria necessidade. Portanto, é necessário afirmar a existência de algo necessário por si mesmo, que não encontra em outro a causa de sua necesidade, mas que é causa da necessidade para os outros: o que todos chamam Deus.
Do Nada não surge e nem advém o Ser. Como se observa que as coisas existem, não pode ter havido um momento de Nada Absoluto, pois daí não se brotaria a existência de algo ou coisa alguma.

4a. via - Ser Perfeito e Causa da Perfeição dos demais Verifica-se que há graus de perfeição nos seres, uns são mais perfeitos que outros, o universo está ontologicamente hierarquizado - seres racionais corpóreos, animais, vegetais e inanimados) qualquer graduação pressupõe uma parâmetro máximo, logo deve existir um ser que tenha este padrão máximo de perfeição e que é a Causa da Perfeição dos demais seres.

5a. via - Inteligência Ordenadora Existe uma ordem admirável no Universo que é facilmente verificada, ora toda ordem é fruto de uma inteligência ordenadora, não se chega à ordem pelo acaso e nem pelo caos, logo há um ser inteligente que dispôs o universo na forma ordenada. Com efeito aquilo que não tem conhecimento não tende a um fim, a não ser dirigido por algo que conhece e que é inteligente, como a flecha pelo arqueiro. Logo existe algo inteligente pelo qual todas as coisas naturais são ordenadas ao fim, e a isso nós chamamos Deus.



Argumento da fé

Diz o salmo 19:1-4: os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia fala a outro dia; uma noite o revela a outra noite. Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz. Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo.

A ausência de Tomé:

“Naquele mesmo dia, que era o primeiro da semana, estando trancadas as portas por meio dos judeus, Jesus veio, pôs-se no meio deles e lhes disse: ‘A paz esteja convosco’. Enquanto falava, ele lhes mostrou as mãos e o lado. Vendo o Senhor, os discípulos ficaram tomados de alegria. Todavia, Tomé, um dos Doze, não estava entre eles quando Jesus veio. Os outros discípulos lhe disseram: 'Vimos o Senhor!’ Mas ele lhes respondeu: ‘Se eu não vir em suas mãos a marca dos cravos, se eu não enfiar meu dedo no lugar dos cravos, e não colocar minha mão em seu lado, não acreditarei!’ Ora, oito dias mais tarde, os discípulos estavam de novo reunidos na casa e Tomé estava com eles. Jesus veio, com todas as portas trancadas e lhes disse: ‘A paz esteja convosco!’ Em seguida, disse a Tomé: ‘Aproxima teu dedo aqui e olha minhas mãos; aproxima tua mão e coloca-a em meu lado, deixa de ser incrédulo e torna-te um homem de fé.’ Tomé respondeu: ‘Meu Senhor e meu Deus!’ Jesus lhe disse: ‘Porque me viste, creste; bem-aventurados os que não viram e, contudo, creram’.” (Jo 20, 19-20.24-29)


Finalizando:A aposta de Pascal


Pascal depois de tentar todo tipo de argumento em favor da fé, deu-se conta, de forma honrada, de que nenhum deles era cabalmente convincente. Foi então que forjou o famoso argumento da "aposta" válido até os dias atuais.
No parágrafo 233 de seus "Pensées" Pascal colocou a seguinte questão: "Dieu est, ou il n’est pas": "Deus existe ou não existe". Sustenta que a razão pode aduzir tanto argumentos a favor quanto contra a existência de Deus. Destarte não se consegue determinar uma resposta convincente. Como sair desse impasse? É ai que Pascal afirma: "il faut parier": "é necessário apostar". Você não tem escapatória porque, uma vez que suscitou a questão, você se encontra "embarcado nela" diz ele. A razão não sai humilhada pelo fato de ter que apostar. A aposta apresenta a seguinte vantagem: "ou você tem tudo a ganhar ou você não tem nada a perder". Portanto, a aposta é racional.
Se você afirmar "Deus existe" e Ele de fato existe, você tem tudo a ganhar, a vida e a eternidade Se você afirmar "Deus não existe" e Ele de fato não existe, você não tem nada a perder: o sentido da vida e eternidade eram meros devaneios. Então é racional, aconselhável e justo que você afirme "Deus existe" e assim você tem tudo a ganhar.
Fontes de Consulta: Bíblia Sagrada; Wikipedia; Adital(Leonardo Boff)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

A casa no céu

Um homem muito rico morreu e foi recebido no céu. Um anjo levou -o por várias ruas e foi mostrando-lhe as casas e moradias. Ao passarem por uma linda casa com belos jardins o homem perguntou:
- Quem mora aí?
O anjo respondeu:
- É o Raimundo, aquele seu motorista que morreu no ano passado.
O homem ficou pensando, que lá deveria ser muito bom, porque o Raimundo recebera uma casa maravilhosa. Logo a seguir surgiu outra casa ainda mais bonita.
- E aqui, quem mora? - Perguntou o homem.
O anjo respondeu:
- Aqui é a casa da Luciana, que foi sua cozinheira.
O homem ficou imaginando que, tendo os seus empregados magníficas residências, a sua moradia deveria ser no mínimo um palácio. Estava ansioso por vê-la. Nisto o anjo parou diante de uma barraca construída com tábuas e disse:
- Esta é a sua casa!
O homem ficou indignado.
- Como é possível! Vocês sabem construir muito melhor do que isto.
- Nós sabemos - respondeu o anjo - Mas nós construímos apenas a casa. O material são vocês mesmos que o fabricam e nos enviam lá de baixo, e durante toda a sua vida terrena só nos enviou isto!

Cada gesto de amor e partilha é um tijolo com o qual construímos a eternidade. A caridade que fazemos, o amor a Deus reflectido no próximo, é o nosso passaporte para o céu!

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Poder pra salvar

( Aline Barros)

"Todos necessitam de um amor perfeito
Perdão e compaixão
Todos necessitam de graça e esperança
De um Deus que salva
Cristo move as montanhas
E tem poder pra salvar
E tem poder pra salvar
Pra sempre, Autor da salvação
Jesus a morte venceu
Sobre a morte venceu
Me aceitasCom meus medos, falhas e temores
Enche meu viver
A minha vida entrego
Pra seguir teus passos
A ti me rendo
Possa o mundo
Ver brilhar a luz
Cantamos para a glória do Senhor Jesus
Minha finalidade é dar o meu melhor pra Ti
Seguirei a Tua luz
Pois em Tuas mãos está, Senhor, a salvação"

domingo, 6 de abril de 2008

Equilíbrio emocional: sua falta pode nos levar ao fundo do poço

Fazer algo bom não garante que o agente social esteja imune aos revezes da vida. A idéia de que é possível conviver diariamente com o sofrimento e a dor sem se deixar tocar por eles é como achar que você pode passar por um lamaçal sem se sujar. E no lamaçal pode acontecer de já não se conseguir avançar, ficar atolado.
Como pessoas dedicadas, capazes, sinceras no seu desejo de servir a Deus, vão parar no fundo do poço emocional? Vamos descobrir acompanhando Mara, uma educadora cristã muito entusiasmada e fiel.
Estresse: o início da queda
Mara está a caminho do trabalho. Antes mesmo de descer do ônibus, recebe a notícia de que Tó, abusador da filha (aluna de Mara), foi solto e jurou se vingar da pessoa que o denunciara. É pouco provável que ele cumpra suas ameaças. É valentão apenas dentro de casa ou na roda de amigos. Mas Mara preocupa-se: será que ele soube que partiu dela a denúncia que o levara à prisão? Ela estremece.
Ao chegar à organização ela descobre que dona Irene ainda não chegou e por isso as crianças estão sem café da manhã. Mara respira fundo. Os atrasos freqüentes da cozinheira estão começando a incomodar (e muito!).
Quando a coordenadora do projeto vai resolver isso? Mara já se convenceu de que não deve contar nada para a sua chefe, ou será tida como encrenqueira. Mas os atrasos geram um grande transtorno. Suspirando, ela entra na cozinha para ver o que pode fazer. Não são nem nove horas da manhã e Mara já está com dor de cabeça. A dor é um sinal de estresse, um alarme que seu corpo apresenta frente aos estímulos externos.
A mente de Mara interpreta os acontecimentos para dizer ao seu corpo como reagir a eles. Sempre que a mente detecta uma ameaça, um perigo, ela prepara o corpo para lutar ou fugir. Então quantidades maiores de adrenalina são liberadas no sangue — que é desviado de vários órgãos para se concentrar no cérebro e músculos —, as pupilas se dilatam para melhorar a visão, os pés e mãos suam, a respiração e as batidas cardíacas aceleram. O corpo fica em estado de alerta. Esse alarme pode ser bom porque a leva à ação, a tomar providências necessárias para a manutenção da vida. Não é possível se viver sem estresse. Mas também não é possível se viver em estado de alerta o tempo todo. Uma vida de estresse freqüente e intenso pode causar sérios danos à saúde emocional e física.
Parece que Mara já está esgotada. O dia mal começou e ela já está emocionalmente alterada, ansiosa, com dor de cabeça, achando que ele vai ser ruim, sentindo que não vai dar conta do recado.
Burnout: o fundo do poço
O pior de tudo é o sentimento de ter sido usada pela instituição. É difícil admitir, mas Mara está magoada com o pessoal do projeto. Antes ela era elogiada pela sua dedicação, pelo sacrifício, mas agora só recebe críticas e cobranças. Sente que nos onze anos de envolvimento integral no projeto, nunca teve tempo para si mesma, para os amigos para a família. Os problemas na sua vida pessoal parecem ter-se multiplicado ultimamente. Mara se sente vazia, desgastada, sem nada a oferecer.
Nesse estado, Mara não está apenas sob os efeitos do estresse, a coisa ficou mais séria. Ela chegou ao que os especialistas têm chamado de síndrome do esgotamento profissional ou síndrome de burnout. Se não houver prevenção, o estresse acumulado em dias, semanas, meses, anos, levarão Mara a uma completa exaustão emocional. Ela pode desenvolver problemas digestivos, insônia, dores, um estado depressivo e até ataques de pânico, entre outros. É provável que evite se relacionar com as pessoas, que comece a se sentir uma observadora, alguém que olha de fora a situação. Seu sentimento de realização pessoal cairá de forma notável. Coisas que ela fazia com facilidade parecerão impossíveis. O entusiasmo e a alegria que sentia se evaporarão. Tudo parecerá inútil, repetitivo, irritante. E este é um estado tão debilitante que provavelmente levará a um pedido de licença, ou até à saída de Mara da instituição.
É provável que a síndrome de burnout seja responsável pela grande rotatividade de profissionais ligados ao cuidado com pessoas em situações adversas, com o professores, enfermeiros, agentes penitenciários, policiais, atendentes de telemarketing que trabalham ouvindo as reclamações dos clientes. O dia promete ser muito longo.
A situação é ainda pior para quem trabalha com crianças que sofreram traumas importantes. Ao se identificar com o sofrimento do outro (da criança, de um adolescente, de sua mãe), o profissional acaba internalizando essa dor, vendo-a como sua. Se o profissional não observar períodos de restauração pessoal, ele pode chegar ao ponto de passar a experimentar todos os sintomas emocionais e físicos resultantes de um trauma, mesmo não tendo passado pela experiência traumatizante. A este fenômeno dá-se o nome de trauma secundário ou fadiga da compaixão.
Apenas um encontro com o sofrimento humano não surte esse efeito. Ele é produzido por um contato diário e plural (vários casos ao mesmo tempo) com a dor de pessoas inocentes diante da violência, do abuso, dos maus-tratos, da negligência e do descaso. E agora que Mara chegou ao fundo do poço, o que ela pode fazer? Infelizmente muito pouco. O que levou Mara a esse poço foi acreditar que podia fazer tudo sozinha. O seu lema era “tudo posso naquele que me fortalece”. Mas há muito tempo ela deixara de lado o “aquele que me fortalece” e ficara apenas com o “tudo posso”. No momento, ela não pode nada.
A recuperação de Mara vai exigir um esforço coletivo: a compreensão da família, o apoio dos amigos, o amor incondicional da igreja, o respeito e tolerância da instituição. Ela precisa ser encaminhada a algum profissional da área da saúde (médico, psicólogo) e ao cuidado pastoral. Mara está doente, e sua doença precisa ser levada a sério (tem direito inclusive a licença médica). E, finalmente, o que Mara mais precisa é saber que não está abandonada. O poço pode dar início a um novo jeito de conduzir a vida, com os mesmos ideais de antes, mas com uma nova sabedoria. O fundo do poço pode ser escuro, contudo, lá ela pode achar água cristalina. (Revista Mãos Dadas - nº. 19)

sábado, 5 de abril de 2008

Velhice Amparada

O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteçao um direito social, nos termos desta lei e da legislação vigente.
É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteçao à vida e à saude, mediante efetivação de politicas sociais publicas que permitam um envelhicemento saudável e em condições de dignidade. (Estatuto do idoso - Do direito à Vida - artigo 8º. e 9º.)
(Trabalho da Terceira Igreja Batista no Crasi-Itaúna)
Uma preocupação com a Velhice.

domingo, 30 de março de 2008

Um sopro no altar

(Para Fernanda Baroni)

"Vim para adorar-te, vim para dizer que te amo..."

Como é dificil escrever!!! Já fui melhor nisso. Hoje colocar uma idéia para fora é um verdadeiro parto, para lembrar Sócrates. Não que eu queira fazer um grande discurso filosófico, mas mesmo para falar das coisas do dia-a-dia é dificil.
Agora, nesse momento, quero falar sobre hoje. Especialmente hoje de manhã. Tenho o hábito de participar dos cultos na minha igreja todo domingo pela manhã. Isso se repete ano após ano. Depois de muito tempo a gente acaba se tornando uma pessoa crítica, e às vezes perdendo o melhor do culto: a essência da adoração, que normalmente começa no louvor, pois para isso que estamos ali: para adorar. Adorar a Deus.
Após uma pequena cirurgia fiquei de "molho" em casa e hoje estava lá eu, em meu lugar, tentando me concentrar no culto, enquanto pensamentos vagavam dentro de mim.
Enquanto a ministração começava, chegou uma das pessoas responsáveis por esse ministério.
Uma voz linda. Um dom. Verdadeiro dom dado pelo Senhor.

Como disse, os anos passam e as críticas aumentam. Como o louvor é sempre um destaque , é o mais passível delas. Então eu observo os irmãos e as irmãs que ministram lá na frente. Gosto de ver o crescimento de alguns. Outros desistem no meio do caminho. Alguns insistem, mesmo não sendo essa a posição determinada pelo Senhor. A gente aprende a ver todas essas coisas. Talvez até coisas demais!
Não é esse o caso. No momento que essa líder assumiu o louvor percebi: aí está alguém que veio para adorar, adorar com sua voz, suas lágrimas, seu jeito, sua força, com sua maneira espontânea de ser. O mais legal de tudo isso, e que todos sabemos, não é alguém perfeito. É uma pessoa em constante busca pelo Senhor. Em busca do prêmio da soberana vocação de Deus.
Estamos cansados de pessoas perfeitinhas. Santas demais, puras demais. Queremos pessoas que amem a Deus. Humanas demais.

"O verbo virou gente e habitou entre nós. Cheio de graça e de verdade."
Jesus era humano demais, tão humano que foi para a cruz, por nós.
Então é isso, me comovi no louvor hoje. Me comoveu a beleza da voz, me comoveu por saber que existem pessoas que recebem um chamado e em meio a todas tempestades elas estão lá. Estão por amor a Deus. Pelo amor ao Senhor. Me comoveu saber que infelizmente nem todos são assim e deveriam.
"Buscai o Senhor enquanto se pode achá-lo."

Hoje, talvez um pouco pela melancolia do pós-cirúrgico, pela ausência da igreja, dos irmãos, senti um sopro de Deus no altar. Que sopro gostoso, maravilhoso. Quero que todos nós ministradores de Deus, cantores ou não, sejamos um sopro de Deus no seu altar, diante do qual sempre estamos. Que manifestemos, não a nossa presença, mas a presença do Senhor. Em todos os lugares, e em todos os momentos, sejamos um sopro de Deus. Especialmente para aqueles que o buscam de todo coração.

Louvado seja Deus que nos fez para sua honra e glória.

terça-feira, 25 de março de 2008

Pai nosso que estás em todo lugar...(Oséas Heckert)


Pai,

penitente promitente

quero (de)votar-te exclusiva

dedicação:

nada tomará teu lugar em meu

coração;

nem imagem de escultura,

nem figura ou representação

de qualquer criatura

ou perversa estrutura

receberá minha adoração;

nem qualquer ocupação,

ou sequer preocupação,

terá maior atenção.


Prometo santificar o teu nome

e não usá-lo em futilidade;

prometo buscar a santidade,

a cada dia satisfazer tua vontade,

para que teu reino se realize

e concretize em minha vida.


Prometo honrar minha família,

para vivermos sem quizília1

e desfrutarmos em santa paz

o pão cotidiano que nos dás.


Perdoa as minhas dívidas,

desculpa minhas dúvidas,

aumenta-me a fé e o amor

pra ser clemente ao devedor,

e o meu zelo para fazê-lo

quantas vezes preciso for.


Não me deixes cair em tentação;

protege-me do círculo vicioso

de ouvir a lorota do impiedoso,

deter-me na rota dos pecadores,

e sentar-me à roda com zombadores.


Ensina-me a não prejulgar o próximo,

não proferir fortes palavras

de morte,

nem agir como algoz ou juiz.

Ao contrário de arbitrário,

permite-me fazer por ele o

máximo

para que tenha vida

longa e feliz.


Dá-me o prazer do sexo

conexo a seu contexto devido

para eu não ficar de olho comprido

e lascivo no flerte solerte,

a pretexto da grama mais verde

do outro lado da cerca.


Acerca da grana que engana,

perdoa-me a gana e a ansiedade;

dá-me o necessário suficiente

pra viver com dignidade

e acudir o mais carente;

não demais, para que farto te renegue,

nem de menos, para que sonegue

ou que no furto alguém me pegue.


Perdoa minha omissão:

fiz-me negligente e mudo

ante a exploração dos sem-nada:

cada pobre, órfão, viúva, estrangeiro.

Requeiro, dá-me prontidão

para erguer a voz e me colocar

em defesa dos desprovidos de tudo.

Faze-me,

contudo, moroso pra maldizer e fofocar...


Livra-me de ficar de olho grande

nas pequenas coisas de alguém,

ou cobiçoso das grandes, também.


Não peço redoma ou regalia,

mas a tua companhia,

todavia, em toda via.


Livra-me do mal

de retribuir mal com mal.

Ensina-me a amar,

meus amigos e inimigos,

e a exalar o teu aroma.


No "pleroma"2 de tua luz,

conduz meu caminhar imperfeito,

brilhando cada vez mais até ser um dia perfeito.


Notas

1. Conflito de interesses; briga, rixa

2. Plenitude


• Oséas Heckert é engenheiro. Participa do Ministério com Casais da Igreja Presbiteriana de Vila Mariana, em São Paulo.
Extraído:www.ultimato.com.br no. 311- revista março-abril de 2008

sexta-feira, 7 de março de 2008

Dia Internacional da Mulher.

Gerânio
(Marisa Monte, e outros... )


Ela que descobriu o mundo
E sabe vê-lo do ângulo mais bonito
Canta e melhora a vida, descobre sensações diferentes
Sente e vive intensamente
Aprende e continua aprendiz
Ensina muito e reboca os maiores amigos
Faz dança, cozinha, se balança na rede
E adormece em frente à bela vista
Despreocupa-se e pensa no essencial
Dorme e acorda
Conhece a Índia e o Japão e a dança haitiana
Fala inglês e canta em inglês
Escreve diários, pinta lâmpadas, troca pneus
E lava os cabelos com shampoos diferentes
Faz amor e anda de bicicleta dentro de casa
E corre quando querCozinha tudo, costura, já fez boneco de pano
E brinco para a orelha, bolsa de couro, namora e é amiga
Tem computador e rede, rede para dois
Gosta de eletrodomésticos, toca piano e violão
Procura o amor e quer ser mãe, tem lençóis e tem irmãs
Vai ao teatro, mas prefere cinema
Sabe espantar o tédio
Cortar cabelo e nadar no mar
Tédio não passa nem por perto, é infinita, sensível, linda
Estou com saudades e penso tanto em você
Despreocupa-se e pensa no essencial
Dorme e acorda...

As mulheres tentam a todo custo encontrar seu lugar ao sol. Embora o que tenhamos conquistado sejam jornadas duplas ou mais de trabalho, estamos aí. Com esperança, com alegria, com emoção. Fazendo desse mundo, um mundo melhor, com certeza.Mesmo influenciando o homem a comer o fruto proibido lá Éden, anos e anos atrás, acredito que nossa influencia tem sido mais positiva que negativa. Por isso: Feliz dia internacional da mulher. O Senhor nos abençoe.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Chamado Radical-

Bráulia Ribeiro
Começamos a caminhada para dentro da mata, no dia seguinte à partida do barco da dona Dôca. Enfrentando a ameaça das cobras e onças, subimos pirambeiras e atravessamos lodaçais. A mata escura e úmida nos ameaçava. Eustáquio não conseguia matar bicho algum, nem deixava Deni matar, porque ele, como o homem principal da expedição, tinha de segurar a única espingarda velha que tínhamos. Assim, a comida foi acabando e, se não fosse um jabuti que a Telma achou, teríamos passado fome. Lá pelo fim do quarto dia de caminhada, chegamos a uma maloca abandonada. Era linda, alta e bem feita. Parecia coisa de filme. Eu me beliscava para ter certeza de que não estava sonhando. Depois de quatro dias na mata sombria, a maloca parecia uma sofisticada ilha de civilização, uma verdadeira Manhattan. A casa comunitária era alta como um arranha-céu. Dentro havia pedaços de tecnologia jogados pelo chão, flechas, panelas de barro bem guardadinhas debaixo de folhas, e ao redor havia plantações. Dormimos ali, na expectativa do que encontraríamos no dia seguinte. A noite passou devagar. Imaginávamos mil coisas: “E se eles tiverem fugido ao saber que viríamos? Nossa aproximação pela mata deve ter sido para eles como a aproximação de uma frente de exército... E se nunca mais os encontrarmos? E se eles chegarem sorrateiramente e nos capturarem? E se nos estuprarem? E se...?” Acordamos cedo e, como animais urbanos, descemos para o igarapé com escova de dentes, sabonete e toalha de rosto nas mãos para a higiene matinal que acabou sendo a última de muitas semanas. De repente, enquanto escovávamos os dentes, fomos cercados por índios selvagens pintados de vermelho com arcos e flechas em punho. Primeiro um grandalhão desceu com uma criança e gritou para os outros atrás dele. Olhei para ele espantada, achando-o lindo. Estava nu, pintado da cabeça aos pés de um vermelho forte. O cabelo era bem cortado em forma de cuia com um caminhozinho logo acima das orelhas. Tinha brincos de madeira no lóbulo das orelhas e dentes bonitos e limpos. Falava sem parar, ora parecendo bravo, ora alegre. Eu não temia mais nada. O medo deu lugar a uma forte certeza do amor de Deus por nós. Logo chegaram os outros e nos cercaram, certamente querendo saber do que se tratava aquela visita. Percebemos que eles queriam saber o que havíamos levado e logo comecei a latir, tentando anunciar o pobre cachorro que acompanhava a Telma. Havíamos decidido não levar presentes. Depois da minha experiência entre os Paumari do Tapauá concluí que agir com paternalismo cria uma relação patrão–empregado que compromete o sucesso do trabalho missionário... (Trecho do livro Chamado Radical, lançamento da Editora Ultimato)
Para o trabalho que gostamos levantamo-nos cedo e fazemo-lo com alegria. William Shakespeare

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

O Pequeno Príncipe

Antoine de Saint-Exupéry- O Pequeno Príncipe
 ****************************** ... -Se alguem ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando as contempla. Ele pensa: "Minha flor está lá, nalgum lugar...." Mas se o carneiro come a flor, é para ele bruscamente, como se todas as estrelas se apagassem! E isto não tem importancia!
Não pôde dizer mais nada. Pôs-se bruscamente a soluçar. A noite caíra. Larguei as ferramentas. Ria-me do martelo, do parafuso. da sêde e da morte. Havia uma estrela, num planeta, o meu, a Terra, um principezinho a consolar! Tomei-o nos braços. Embalei-o. E lhe dizia: A flor que tu amas não está em perigo.... Vou desenhar uma pequena mordaça para o carneiro... uma armadura para a flor... Eu...."Eu não sabia o que dizer. Sentia-me desajeitado. Não sabia como atingi-lo, onde encontra-lo... É tão misterioso o país das lágrimas!...
Ganhei esse livro aos dezessete anos. Hoje mais de trinta anos ele ainda fala ao meu coração.

Quando seu filho pergunta sobre Deus



Para todos os pais , essas perguntas podem estar entre as mais difíceis e as mais importantes.
Kristin Von Kreisler


Uma tarde quando Kim Flodin conversava com a filha Yasmine, quatro anos, a menina perguntou por que a pele da babá era mais escura do que a dela. Isso levou a uma conversa sobre as diferenças físicas entre as pessoas.
- Deus nos ama a todos, não importa a cor de nossa pela – disse a mãe.
- De que cor são os olhos de Deus? Indagou Yasmine.
Flodin fez uma pausa.
-Ah, não sei.
-Deus está sempre conosco? Foi a pergunta seguinte.
Outra pausa.
-Claro.
- Então onde este Deus?
-Yasmine, é difícil falar sobre isso.
Tão difícil, alias, que mais tarde Flodin foi pedir auxilio à diretora da escola maternal paroquial da filha. “Quero que Yasmine tenha o conforto da oração e uma referencia de certo e errado”, diz Flodin. “Mas como ajudar minha filha, pois se baseiam em crenças e não em provas cientificas?”
Muitos pais têm a mesma preocupação de Flodin. Mesmo que consigam conversar facilmente com os filhos sobre o colégio e outros assuntos podem ficar perdidos ao discutir algo abstrato como Deus.
No entanto falar sobre Deus pode ser o melhor meio de atender algumas necessidades fundamentais da criança.
Diz o rabino Harold Kushner, autor de When Children ask about God (Quando as crianças perguntam sobre Deus):” É importante falar sobre Deus como meio de explicar as coisas do mundo, como a beleza da natureza, o nascimento de um bebê, a morte de um amigo. Junto com essas explicações surge um sentimento de reverencia. Algo na alma das crianças anseia pela maravilha e pelo mistério.”.
Falar sobre Deus também pode ajudar a tornar as crianças mais seguras. “Como Deus é constante e superior a todas as mudanças, pode dar às crianças apoio e referencial moral, num mundo em que tudo é tão transitório”, explicar a pastora Anne Wetherholt.
No caso de muitas crianças, o problema é que os pais dirigem toda a energia delas para atividades variadas – de aulas de musica a uso de computadores -, mas deixam de lado a lição da fé. Esses pais esquecem-se de que o dizem e fazem- ou não dizem e não fazem – tem impacto duradouro sobre sos filhos.
O melhor meio de desenvolver a vida espiritual de nossos filhos é falar sobre Deus francamente e com simplicidade. A regra geral concordam muitos especialistas, é deixar que as crianças dirijam a conversa – e a seguir acompanhar com perguntas, percepções se idéias, Depois que a filha lhe fez perguntas Kim Flodin começou a pensar em como responder. Mais tarde, a menina quis saber por que não podia ver Deus. “Porque”, disse-lhe Flodin então, “Deus é como o vento. Não podemos vê-lo, mas podemos senti-lo. Deus está em nosso coração quando nos amamos uns aos outros.”
Saber antecipadamente o que esperar das crianças à medida que vão compreendendo a existência de Deus poderá ajudar você a sentir confiança quanto ao que dizer a elas.
*************************************************************************************
(Artigo extraído da revista Seleçoes abril de 1998. Em próximo momento colocarei sobre os estágios de crescimento espiritual da criança e como abordar sobre Deus).

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Johan en Jeannette Lukasse - Turma da Jocum em Belo Horizonte

Carta informativa JOCUM Belo Horizonte
Janeiro 2008
Alguns meses atrás, Calebe(*), um dos nossos obreiros, acabou atrás das grades, embora inocente, devido a um infeliz conjunto de circunstâncias. Já se faziam 15 anos desde que tivemos problemas mais sérios com a polícia. Naquela ocasião, eles seqüestraram e torturaram Mati, um jovem samoano que integrava nossa equipe de obreiros. Escrevi sobre isso em meu livro A cry from the streets, que está sendo traduzido para o português. Mas agora, Calebe, um obreiro calmo e confiável, fora eso sob falsas acusações, enquanto passeava com uma das crianças em um parque.
Ficamos estarrecidos com tamanha injustiça. A princípio, estávamos confiantes de que, após alguns esclarecimentos a polícia reconheceria que cometera um erro e Calebe pudesse ser solto. Entretanto, fora algemado por 10 horas junto a um banquinho de delegacia e depois transferido para uma apertada cela que teve de dividir com outros nove presos, alguns dos quais com problemas mentais. Brigas e estupros são muito comuns em lugares assim, construídas para comportar não mais do que três pessoas.

Calebe depois me contou que naquela fatídica noite os versos do salmo 139:8 vieram à sua mente: “se faço minha cama no mais profundo abismo, lá estás também”. Deus de fato o confortou naquela terrível situação. Ele estava seguro de que Deus estava com Ele e que o ajudaria...

Continuamos achando: “Amanhã a polícia irá admitir seu erro e o deixará ir.” Todavia, o contrário aconteceu. Ele fora transferido para outra prisão! Lá não lhe fora permitido receber visitas pelos 30 dias seguintes, exceto de seu advogado. Nos primeiros quatro dias a situação só piorou. Descobrimos que ele então estava dividindo uma minúscula cela com outros 14 prisioneiros de alta periculosidade. Eu não podia sequer imaginar o que se passava com ele. Foi horrível. Mal conseguíamos dormir. Mas, na medida em que mais e mais pessoas se interavam da situação, muitos começaram a orar por ele; nossos obreiros, as crianças e sua igreja.

No quinto dia recebemos um telefonema de amigos ligados ao governo, logo após uma reunião de oração com a liderança da base. Eles haviam conseguido com que pudéssemos visitar Calebe, contrariando todas as regras e regulamentações, e ainda poderíamos levar roupas, comida, livros e um cobertor. Também prometeram transferi-lo para outra cela.

Calebe nos contou mais tarde o quão feliz e agradecido ele ficou quando viu sua nova e espaçosa cela, com 14 beliches, todas com colchão! “Era como se estivesse dando entrada em um hotel”, ele disse. Todos os outros presos acreditaram em sua inocência, e o deixaram em paz. Alguns até mesmo oraram com ele e juntos leram a Bíblia.

Quando o visitamos naquela mesma tarde, Calebe nos confidenciara que o Senhor havia dito a ele que “a vitória já havia sido dada a ele”, pelo que Calebe estava totalmente convencido de que seria solto. Ainda assim, seu advogado e nossos influentes amigos precisaram de um total de 23 dias até que se resolvesse a situação, além de dois meses para ter novamente seu nome limpo de quaisquer acusações.

Quando perguntei a ele se Deus havia ensinado algo em meio a isso tudo, Calebe nos disse, com lágrimas nos olhos, que tinha muita dificuldade em crer que as pessoas da sua igreja, os obreiros e as crianças da sua base realmente se importavam com ele, ou o amavam. Mas já durante a primeira noite que passara algemado a um banquinho na delegacia, ele vira, às duas e meia da madrugada, uma van cheia de obreiros que trabalhavam com ele que vieram dar apoio, e acenavam para ele, do outro lado do corredor, gritando que orariam por ele, o que fez quebrar sua incredulidade.

Depois disso, as coisas só melhoraram. A cada visita, muitas cartas, e-mails e desenhos de obreiros, de pessoas da sua igreja e das crianças eram entregues a ele. Calebe foi ovacionado de pé durante a primeira reunião semanal já de volta à nossa base da JOCUM. Ele se afogou em lágrimas, de alegria, aliviado e grato. Que grande testemunho de como Deus transforma uma terrível experiência em algo positivo.

*(Nome fictício para proteger a identidade)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

11/10/2007 - 06h35 -Missão Portas Abertas

O drama dos gêmeos coptas por causa da lei islâmica

Mario e Andrew que escreveram: "Sou cristão"
EGITO (18º) - A Constituição do Egito, que adota a sharia (lei islâmica), prevê que quando um dos pais se converte ao islã, os filhos passem automaticamente para a custódia do genitor muçulmano. É o caso de Mario e Andrew Medhat Ramsis, gêmeos coptas hoje considerados muçulmanos depois que o pai deles se converteu ao islã.

O caso de custódia deles teve início no dia 3 setembro, mas foi adiado. O advogado deles, Naguib Gabriel, enfrenta intensa oposição, enquanto trabalha para retardar o julgamento para depois do dia 17 de novembro, quando será julgada a questão da reconversão de 12 muçulmanos que querem voltar ao status de coptas (leia mais).

Os pais dos gêmeos, Medhat Ramses e Kamilia Lutfi Medhat, eram um casal cristão quando os meninos nasceram, mas o pai se divorciou da mãe, deixando para trás os filhos, e se converteu ao islã para se casar com uma muçulmana.

Em fevereiro, a mãe dos meninos descobriu que eles tinham sido colocados em classes de educação islâmicas na escola para refletir sobre a escolha do pai. No entanto, o homem muçulmano já não vivia com a família cristã desde a conversão dele ao islamismo e do novo matrimônio, em 2002.

Os gêmeos ganharam notoriedade quando se recusaram a prestar o exame de religião islâmica, em maio deste ano, exigido para passar ao próximo grau.

"Somos cristãos", declararam os meninos

Na ocasião eles declararam: "Sou cristão". Cada um deles escreveu a frase em um teste. Eles deixaram as demais respostas em branco (leia mais).

O Ministro de Educação do Egito, Yusri al-Gamal, anunciou no dia 25 de agosto que passaria os meninos automaticamente para o próximo grau, mas a mãe cristã dos gêmeos disse que ainda restam problemas subseqüentes.

"Soube que a lei egípcia concede a custódia das crianças para a mãe até que elas completem 15 anos, mas eu descobri que isto só se aplica a mães muçulmanas", disse Kamilia Lutfi em uma entrevista coletiva no dia 27 de agosto deste ano, de acordo com o semanal copta "Watani".

"Se os gêmeos se recusarem a colocar o islã em seus documentos, correm o risco de não receber serviços básicos como educação e cuidados médicos", disse Hossam Baghat, da ONG Iniciativa Egípcia pelos Direitos Individuais.