sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Timidez resolvida

Os tempos estão ruins para os tímidos, a começar pelo trabalho. As empresas esperam que cada funcionário seja um vendedor de idéias desinibido. E querem que ele participe de tarefas em grupo – se possível, que as lidere. Na escola, o acanhado também leva a pior. Pela moderna cartilha pedagógica, os estudantes devem fazer apresentações públicas de seus trabalhos e discutir as contribuições dos colegas. Na vida social, é a velha história: a todo momento, a turma sai para um lanche, um cinema e há festas em que se deve parecer alegre e expansivo. Há ainda o desafio de conquistar aquela pessoa especial.Notem um inibido no momento de suplício, quando ele precisa falar em público ou está tentando insinuar-se numa paquera. As mãos suam e o coração dispara. O rosto ruboriza, as pernas ficam trêmulas e o estômago se contrai. Fica mais visível a dificuldade da vítima em manter contato visual prolongado com os outros. “O tímido é alguém que se sente ameaçado, desconfortável e tenso em situações que são agradáveis para as demais pessoas”, define com precisão o psicólogo francês Christophe André, autor do livro O Medo dos Outros.A melhor notícia é que nunca houve tanto alívio à disposição. A timidez, antes considerada uma característica pessoal não imutável quanto a cor dos olhos, hoje é vista como um distúrbio que nos casos mais incômodos precisa – e pode – ser tratada. Segundo os especialistas, se a pessoa se sente incomodada pela timidez ela deve procurar ajuda, mesmo porque pode ser ajudada. Pelas estatísticas, é grande o número de candidatos ao socorro especializado. Informa a genética que 20% das pessoas nascem tímidas. A medicina sabe também que da legião de inibidos cerca de 2% vão desenvolver ao longo da vida a forma aguda de timidez chamada fobia social. Isso é outra coisa bem diferente. É uma doença tratada com drogas antidepressivas e cujos sintomas são constrangedores, a ponto de os pacientes não conseguirem assinar um cheque na frente do caixa do banco e se sentirem acuados diante de um motorista de táxi.A maioria dos tímidos, obviamente, não é doente. São apenas pessoas ansiosas que têm mais dificuldade e menos vontade de se expressar do que os extrovertidos. Os especialistas sustentam que a timidez é um distúrbio cuja solução está ao alcance das pessoas, e tudo que é preciso fazer é dar o primeiro passo, admitindo o desconforto. A timidez seria, do ponto de vista médico, como uma unha encravada. Ou seja, um problema escondido, doloroso, de solução simples, mas que, às vezes, pode ser paralisante.Os tratamentos para timidez variam de acordo com a gravidade dos sintomas. Para as fobias os médicos costumam receitar alguns remédios. Para a maioria dos casos a psicoterapia é ainda a saída mais buscada. Bastam algumas sessões e a pessoa aprende a controlar seus bloqueios. Nos casos mais brandos são recomendadas algumas regras básicas de auto-ajuda, como respirar fundo, relaxar e aprender técnicas que ajudam a limpar a mente de pensamentos negativos. Já a timidez situacional, aquela que se refere a uma situação específica, como falar em público, quase sempre se resolve com treinamento especializado.Sandra Medeiros Assessora de Imprensa da Comunidade Sara Nossa Terra – Brasília. Colaboradora do Portal Lagoinha.com